Quando eu crescer quero ser
bibliotecário! Você já ouviu alguma criança falar isso?
Quando eu crescer quero ser
bibliotecário!
"Você já
ouviu alguma criança falar isso? Afinal, o que é ser bibliotecário nos
primórdios do século 21, com todo um avanço tecnológico na sociedade da
informação? Onde está a importância desse profissional e o seu reconhecimento
sócio-educativo e cultural em nossa sociedade?
FONTE: http://arquivoememoria.wordpress.com/2008/12/09/quando-eu-crescer-quero-ser-bibliotecario/
No
Brasil, temos 39 escolas de formação acadêmica de onde saímos com o grau de
bacharel (segundo dados do Conselho de Biblioteconomia da 1ª região), o
vestibular não é tão concorrido quanto os outros cursos tradicionais, que deslumbram
status, porém, na sua remuneração, esse profissional pode estar muito bem na
tabela salarial comparado a outros profissionais liberais.
Mas, voltando a
pergunta inicial, você já ouviu uma criança dizer que quer ser bibliotecária? E
os pais ficarem encantados com a escolha da profissão e saírem comentando aos
quatro cantos que seu filho vai ser bibliotecário, que ele está cursando
biblioteconomia? Provavelmente não.
E por que não?
Eis as minhas indagações: as pessoas, na sua grande maioria, não buscam a
informação além das emissoras de rádio e televisão, quando vão às bibliotecas
de suas escolas, sejam elas públicas ou privadas, raramente encontram um
bibliotecário disponível para atendê-lo. Isso quando a escola tem biblioteca e
bibliotecário.
Nas
universidades privadas e públicas, esse profissional sempre está envolvido com
processamentos administrativos ou técnicos. Nas outras áreas em que ele atua,
raramente aparece em frente a um projeto, se mostrando no sentido denotativo da
palavra, não que ele não se envolva, alguns chegam até a ser parte essencial
daquele projeto, porém ficam inibidos na hora de utilizar seu marketing
pessoal, existem exceções, mas são raras.
Recentemente, um
colega comentou que seu ex-supervisor, um homem graduado, questionou por que
precisamos cursar quatro anos de faculdade para exercer a função de
bibliotecário, tendo ele como área de percepção o espaço biblioteca, porque,
apesar de atuarmos em qualquer unidade onde possa existir informação, seja ela
bibliográfica ou não, o bibliotecário, na mente da maioria dos mortais, ainda
está vinculado às estantes de livros organizados verticalmente.
Para muitos,
faz-se necessário apenas guardar os livros nas prateleiras e emprestá-los
quando alguém precisa consultá-los ou fazer uma pesquisa. Daí eu questiono aos
colegas bibliotecários e aos órgãos de classe, que nos representam como pessoas
jurídicas, onde está a visibilidade da profissão?
Será que está
apenas em um cartaz parabenizando pelo dia 12 de Março, que comemora o dia do
bibliotecário e o nascimento de Manuel Bastos Tigre, bibliotecário que se
projetou na biblioteconomia pelas suas ações em prol da profissão, exerceu a
profissão por 40 anos sendo o primeiro bibliotecário concursado no Brasil em
1915? Onde está a nossa auto-estima?
O que fazer para
que a sociedade conheça esse profissional, que os nossos filhos nos olhem com
orgulho e que as crianças despertem o interesse em um dia, quando crescerem,
terem como opção, além da carreira das áreas médica, advocacia, engenharia, a
biblioteconomia sem se sentir pequeno, porque qualquer profissão, seja ela de
cunho liberal ou não, quando é exercida e temperada com vocação, prazer e uma
remuneração justa, merece todo o reconhecimento e respeito de uma sociedade em
desenvolvimento que tem como alicerces políticos a educação como prioridade
para alcançar o posto de primeiro mundo."
Marcos Soares
- Bibliotecário da UFPE (CRB4/1381)
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